quarta-feira, 9 de maio de 2012

Nos EUA, é possível "alugar" uma namorada virtual

Agora os mais solitários dos internautas podem alugar uma "namorada de Facebook" para mostrar aos "amigos". Por cinco dólares, vale tudo. 

Um site norte-americano oferece os "serviços" de diversas "namoradas" virtuais aos mais solitários dos internautas. Na era em que o Facebook domina todas as conversas, sejam elas online ou na "vida real", há quem esteja preocupado em arranjar companhia virtual, para esconder a solidão.  

No "Girlfriend Hire", existe de tudo um pouco: é possível "contratar" uma namorada falsa que troque mensagens, que dê dicas de moda, partilhe segredos femininos, envie cartões de parabéns pelo aniversário e até faça os trabalhos de casa. Os perfis de potenciais "namoradas" falsas multiplicam-se, assim como os pedidos, do mais normal (por exemplo: colocar no "status" do Facebook que se está num relacionamento) ao mais bizarro (pedir vídeos de mulheres sentadas no trânsito), de diversos homens e mulheres que procuram a ilusão de companhia online.

Por apenas cinco dólares, muitas raparigas prometem diversos "serviços" online no "Girlfriend Hire", como "cenas de fim de namoro em público no Facebook" ou "vídeos românticos" no Youtube. Vale tudo para mostrar ao mundo que não se está sozinho.

O website pertence a Cody Krecicki, um estudante de 22 anos, que disse, ao BuzzFeed, que desenhou o site para "criar um nicho para raparigas que estão na faculdade e precisam de fazer dinheiro enquanto estão ocupadas com as aulas". O criador do site, que foi criado há cerca de um mês, prevê um futuro auspicioso para o negócio, tendo em conta que "os rapazes têm tendência a tentarem parecer fixes em frente aos amigos".

Existem outros websites do género deste, que foi lançado o mês passado. O "Rent-a-Friend" é um deles e permite "alugar" um amigo para diversas ocasiões sociais. Ao contrário do Girlfriend Hire, o Rent-a-Friend é internacional e até já conta com alguns portugueses.

 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Project Glass: One day...

A semana contínua de novidades da gigante da Internet terminou com um projeto que hoje está na "capa" de todas as publicações de tecnologia que se prezem: uns óculos que integram tecnologia de realidade aumentada. 

As capacidades do novo acessório são sugeridas num vídeo, em que se mostra, por exemplo, a possibilidade de conhecer a temperatura exterior quando se olha por uma janela, a troca de mensagens, informação de alternativas quando os transportes que costumamos usar não estão a funcionar. Os óculos funcionam por comandos de voz e incluem também uma câmara para tirar fotos e gravar vídeos. 

Embora tenha oficializado a existência do projeto, a Google ainda não avançou detalhes sobre a disponibilização para venda nem o seu custo. Com a divulgação pretende-se essencialmente recolher opiniões sobre a ideia, referiram os responsáveis pelo Project Glass, no post do Google+ onde o vídeo surgiu pela primeira vez.

sexta-feira, 23 de março de 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

“Queremos tirar as crianças portuguesas do sofá”

Mário Silva, presidente da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, garante que a escola é um ambiente ideal para educar para a saúde. Há projetos no terreno.

Hábitos alimentares saudáveis e exercício físico são importantes para combater a obesidade infantil, um dos maiores desafios da saúde pública do século XXI. A Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) trabalha nessa área há um ano em três frentes: sensibilização, intervenção social e investigação, programas educativos e formação pedagógica. Mário Silva, presidente da APCOI, sublinha que a escola é um meio privilegiado para abordar o assunto e sensibilizar alunos e pais para a problemática do excesso de peso. "Os responsáveis educativos têm à sua disposição todas as vantagens para promover uma reeducação alimentar e desportiva", refere. 

O trabalho não pode parar e a APCOI tem vários projetos em curso para alertar para a importância de uma alimentação equilibrada, como é o caso de Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável. É necessário desmistificar hábitos alimentares desequilibrados e estimular a prática desportiva regular. 

A APCOI quer combater o sedentarismo, tirar as crianças do sofá. E avisa que é preciso atenção ao tempo que os mais novos passam em frente à televisão. "A evidência científica não deixa dúvidas de que o marketing e a publicidade a produtos alimentares dirigidos a crianças faz aumentar o seu consumo". 

EDUCARE.PT: Trinta e dois por cento das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos têm excesso de peso e 14% são obesas. As escolas devem ter motivos de preocupação com estes níveis de obesidade infantil?

Mário Silva: É imprescindível o envolvimento da família e de todos os prestadores de cuidados infantis, nos quais se incluem as escolas, para que se produza uma mudança de hábitos e comportamentos nas crianças. A adoção de hábitos saudáveis é a melhor medida para prevenir e tratar a obesidade infantil.

A uma alimentação equilibrada deve-se associar a prática regular de exercício físico na escola e nos tempos livres. Sabe-se hoje que o sucesso na adesão e permanência em programas de atividade física é maior quando estas são práticas desportivas organizadas (na escola, através de clubes desportivos, etc.) e quando existe um envolvimento ativo dos pais e professores.

E: Quais os instrumentos que os responsáveis educativos têm ao dispor para contrariar a tendência de aumento de obesidade dos alunos? 

MS: O espaço escolar surge como um ambiente ideal para educar para a saúde, porque reúne as condições que permitem dotar as crianças de conhecimentos, atitudes e valores que as ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas à sua saúde física, social e mental, bem como à saúde dos que as rodeiam, conferindo-lhes assim um papel interventivo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que a promoção da saúde não é da responsabilidade exclusiva dos serviços de saúde, mas sim de todos os setores, nomeadamente o da educação que deve ser responsável pela construção de um bem-estar global. Os responsáveis educativos têm à sua disposição todas as vantagens para promover uma reeducação alimentar e desportiva, nomeadamente o apoio administrativo, a presença dos alunos e um ambiente em que a atenção e a aprendizagem são a regra. 

Em complemento, as famílias e a comunidade podem ser facilmente integradas no contexto escolar. São também vários os estudos que apontam para o facto de ser nos primeiros anos de escolaridade - da pré-escola ao fim do 1.º ciclo - que as atitudes face à alimentação e ao exercício físico parecem mais suscetíveis de serem melhoradas do que em anos posteriores. Por isso mesmo, as escolas detêm uma posição única para influenciar tanto a alimentação como a atividade física das crianças. Para além da importância da educação para a saúde em ambiente escolar, os estabelecimentos de ensino devem assumir-se como "espaços saudáveis", proporcionando para isso uma oferta alimentar nutricionalmente adequada, através dos seus refeitórios e cafetarias.

E: As cantinas das escolas têm ou não em atenção uma alimentação saudável? O que pode ser feito nesta matéria?

MS: O Ministério da Educação produziu normas gerais para as cantinas que contemplam uma lista de alimentos autorizados na confeção de refeições escolares, regras para a elaboração das ementas, indicações relativas à higiene e à segurança alimentar tendo em vista o fornecimento de refeições saudáveis e seguras.

De acordo com estas normas, as refeições a servir na escola que obedecem a princípios dietéticos de variedade e de qualidade, cuja definição é da competência da Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC), devem ser aprovadas pela direção da instituição de ensino, com a antecedência mínima de quinze dias e devem incluir obrigatoriamente sopa, legumes cozidos ou crus a acompanhar pratos de carne ou peixe e água como única bebida permitida. Além disso, existem preocupações relativamente à confecção dos alimentos, por exemplo, as ementas escolares só podem conter fritos apenas uma vez em cada duas semanas. Compete às câmaras municipais, no âmbito dos refeitórios escolares deliberar sobre a sua criação, manutenção e administração. No entanto, todos os docentes, auxiliares e encarregados de educação devem estar atentos e zelar diariamente pelo cumprimento destas normas, uma vez que ensinar às crianças quais são as escolhas mais saudáveis é uma responsabilidade de todos os adultos.

E: Quais os piores perigos? Fast-food, pouco exercício físico, falta de orientação nutricional em casa, hábitos enraizados, os cafés à porta das escolas...

MS: A obesidade é um problema multifatorial. Contudo, são os fatores ambientais, nomeadamente o comportamento alimentar e o exercício físico, que exercem a maior influência na magnitude da expressão clínica da doença. Os desequilibrados padrões de alimentação infantil incluem um baixo consumo de fibras (dada a diminuta ingestão de vegetais e fruta), excesso de açúcar (refrigerantes, bolos, doces), excesso de gorduras saturadas e de sal. A esta alimentação desequilibrada associa-se a reduzida prática de exercício físico, sendo Portugal um dos países com mais elevada prevalência de inatividade física da União Europeia, realidade para a qual contribuem vários fatores, tais como: a carência de espaços apropriados para atividades ao ar livre, o aumento da insegurança que favorecem a permanência em casa e o aparecimento de atividades lúdicas mais sedentárias entre as quais a televisão, os jogos eletrónicos, o computador e a Internet. 

A evidência científica não deixa dúvidas de que o marketing e a publicidade a produtos alimentares dirigidos a crianças faz aumentar o seu consumo. A isto acresce o facto de as crianças não terem a capacidade de discernir entre publicidade e programação televisiva a elas dirigida, nomeadamente a programação infantil e, por isso, em alguns países existe já uma restrição à publicidade dirigida às crianças, seja qual for o seu suporte. Segundo um estudo da DECO, realizado em 2004, a categoria de produtos mais publicitados, durante a programação infantil, é a dos bolos e chocolates, alimentos ricos em açúcar e gordura e portanto pouco interessantes numa alimentação saudável. É, por isso, importante reduzir o tempo que as crianças despendem a ver televisão, recomendando-se menos que duas horas por dia.

E: As crianças do sexo feminino têm mais excesso de peso. Açores e Alentejo são as regiões do país onde se verifica uma maior prevalência de obesidade infantil. Há explicações para estes cenários?

MS: Os cenários referidos foram observados no estudo COSI do Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil, apresentados em 2011 na Conferência Internacional sobre Obesidade Infantil, contudo não foram produzidos dados de amostras representativas regionais, pelo que também não foram estudadas as causas para esses cenários.

E: Os rastreios nutricionais gratuitos que têm feito junto da população infantil têm dado resultados?

MS: O rastreio nutricional gratuito que fazemos junto da população infantil tem sido fundamental no diagnóstico e encaminhamento de novos casos para tratamento. Muitas famílias ficam surpreendidas quando detetamos pré-obesidade ou obesidade nas suas crianças, pelo que se denota ainda falta de informação. Por isso, vale sempre a pena desmistificar hábitos alimentares desequilibrados enraizados, estimular a prática desportiva e contribuir assim para que as crianças do presente tenham um futuro mais saudável.

E: O que é que a APCOI tem feito na área da prevenção?

MS: O nosso trabalho de prevenção divide-se em três áreas fundamentais. A primeira é a de sensibilização pública para o problema. Para tal, realizámos no ano passado a primeira Corrida da Criança que reuniu mais de 2000 famílias numa manhã que combinou atividade física e alimentação saudável. Iniciativa que vamos organizar também este ano, dado o seu elevado sucesso e adesão. Além disso, foram distribuídas 2625 peças de fruta em ações e eventos. A segunda área é a de intervenção social e investigação, na qual realizámos, ao longo do ano passado, 954 rastreios nutricionais gratuitos com crianças até aos 14 anos. Finalmente, uma terceira área de programas educativos e formação pedagógica. Nesse âmbito, em 2011, participaram 1627 crianças no jogo pedagógico Sabichões Saudáveis desenvolvido para reforçar os conhecimentos sobre alimentação saudável e atividade física. Além disso, destacamos o recente projeto Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável que arrancou este ano e abrange 28 094 alunos de 1377 turmas de 546 escolas básicas do 1.º ciclo e jardins de infância de todo país, incluindo as regiões da Madeira e Açores.

E: Quais os obstáculos que encontra nesse trabalho? A falta de informação é o principal entrave?

MS: A obesidade representa um dos maiores desafios da saúde pública do século XXI. Em muitos países da Europa, a sua prevalência triplicou nas últimas duas décadas. O número de afetados continua a aumentar a um ritmo alarmante, particularmente nas crianças. Por mais eficientes que sejam os serviços de saúde que qualquer sociedade possa oferecer aos seus cidadãos, a prevenção da doença e a preservação da saúde dependerão sempre da adoção de estilos de vida saudáveis por parte das pessoas. Por isso mesmo, uma das tarefas das nossas equipas de intervenção no terreno é insistir para que a prevenção se faça também junto das populações em que a doença não está ainda instalada. Ou seja, é importante fazer chegar esta informação a todas as crianças, mesmo àquelas que não se debatem com este problema, porque a melhor forma de evitar ou tratar qualquer problema de saúde é conhecê-lo e saber como evitar as suas causas!

E: Confiante no sucesso do projeto Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável?

MS: O projeto é o resultado de um trabalho de muitas horas, realizado por uma equipa bastante competente e multidisciplinar. O conceito já tinha sido testado anteriormente num projeto-piloto local com elevada taxa de sucesso, pelo que o objetivo era precisamente multiplicar os resultados a uma escala nacional e é o que temos vindo a fazer. Fornecemos todas as ferramentas pedagógicas aos professores e educadores através de um guia repleto de propostas de atividades e fichas de trabalho e vamos reunir dados atualizados sobre hábitos alimentares e de actividade física das crianças portuguesas até aos 10 anos, de todo o país. É um projecto de continuidade que pretendemos renovar e expandir a cada ano letivo.

E: Um ano de atividade: vale a pena continuar a lutar pela promoção da saúde das crianças?

MS: Completamente. As crianças são o futuro do nosso planeta. Haverá algo mais importante do que fazer todos os esforços para que elas tenham saúde? Por isso mesmo é que criámos o seguinte lema: "APCOI, por um futuro mais saudável".

E: Qual o balanço que faz deste primeiro ano de trabalho?

MS: O balanço é altamente positivo. Vamos continuar a nossa missão de prevenção da obesidade infantil em Portugal, em todas as frentes. Conforme referi, os números de 2011 são muito satisfatórios e dão-nos ânimo para continuar o nosso trabalho sempre com intenção de superar os resultados alcançados.

E: Quais os projetos para 2012? A segunda Corrida da Criança mantém-se no programa?

MS: A segunda Corrida da Criança já tem data e local, realiza-se a 20 de maio de 2012, nos Jardins do Casino Estoril e espera reunir 2500 famílias. Estão previstas outras iniciativas ao longo do ano, sobretudo com o objetivo de tirar as crianças portuguesas do sofá, incentivando-as a praticar mais atividade física e a consumir uma alimentação mais saudável. Contudo, essas iniciativas serão reveladas a seu tempo.

E: A APCOI é uma vasta comunidade de voluntários. Como coordena uma equipa tão vasta, com profissões tão distintas?

MS: A maior dificuldade é conciliar a disponibilidade de horários e a manutenção dos níveis de motivação de uma equipa com tantos elementos que não são remunerados financeiramente pelo seu trabalho. No entanto, há um núcleo central, mais reduzido, que contribui para a tomada de decisões prioritárias e que me auxilia na execução das tarefas de escritório, em particular graças ao trabalho diário de Jorge Padeiro, que é o meu braço direito. Seria ainda impossível fazer este trabalho sem o apoio das marcas e das empresas solidárias que se têm sensibilizado com a nossa causa.

30% dos Centros Novas Oportunidades vão fechar

Governo decidiu manter 301 das 430 estruturas até agosto. Programa Novas Oportunidades sofrerá alterações na sua estrutura e objetivos, mudanças que serão anunciadas até setembro.

A expectativa era muita. As candidaturas foram apresentadas no ano passado e os resultados acabam de ser divulgados. O Governo decidiu fechar 129 Centros Novas Oportunidades (CNO), mantendo a funcionar 301 das 430 estruturas espalhadas pelo país. Mas haverá mudanças neste sistema que ainda se encontra num processo de reavaliação. A Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQ) garante que até setembro serão anunciadas as alterações que irão mexer com o modelo de ensino e os seus objetivos. 

O anúncio feito significa que serão mantidos cerca de 70% dos CNO, mas, mesmo assim, o Governo considera que a rede atual desses centros é excessiva para as necessidades e procura. A ANQ explica a sua visão em comunicado. "Perante o sobredimensionamento atual da rede, a escassez de recursos financeiros disponíveis e as necessidades de financiamento de outras medidas, o Governo decidiu reduzir o número de CNO financiados. Assim, num esforço financeiro mesmo assim considerável, o concurso garantirá neste período transitório o funcionamento de cerca de 70% dos atuais centros", refere. 

A ANQ assegura que a decisão não colocará em causa a conclusão dos processos de certificação dos adultos que, neste momento, estão inscritos nos CNO, mas não adianta quais os procedimentos a usar. Os formandos que estavam matriculados nos centros que fecharam podem tratar da transferência para outras unidades. Em dezembro do ano passado, o Ministério da Educação e da Ciência fechou 20 CNO: 14 por não terem cumprido as metas estabelecidas e seis a pedido dos próprios promotores. 

Até setembro, o Governo promete concluir a análise da iniciativa Novas Oportunidades e apresentar conclusões sobre o impacto das formações na vida profissional, bem como aspetos relacionados com o rigor e a exigência dos processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). O que se sabe, por enquanto, é que cerca de 1,3 milhões de formandos passaram pelo programa desde 2005, data da sua fundação - ainda no primeiro Governo de José Sócrates. Em 2010, estavam inscritos nos CNO cerca de 243 000 adultos e até esse ano perto de 409 000 tinham obtido uma certificação escolar. Entre 2006 e 2010, o número de CNO praticamente duplicou. Atualmente, perto de 50% dos CNO funcionam em escolas secundárias da rede pública. 

A Associação Nacional de Profissionais de Educação e Formação de Adultos (ANPEFA) está preocupada com o fecho de mais CNO, com a indefinição que se vive nesta área e com algumas incertezas que se prendem com a forma como está a ser feita a avaliação do programa e quais as entidades envolvidas neste processo. "É o desmantelamento de uma rede que está consolidada no terreno, que tem os seus objetivos definidos e que está articulada", refere ao EDUCARE.PT Sérgio Rodrigues, porta-voz da associação que teme que o Programa Novas Oportunidades desapareça do mapa. Na memória mais recente estão os 214 formadores dos CNO do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que foram demitidos. 

A indefinição continua no ar. "Não sabemos que tipo de avaliação está a ser feita e quais as entidades que a estão a fazer". Situação que leva a ANPEFA a "desconfiar dos critérios" desse processo. Além disso, a ANQ garante que a conclusão da certificação não será afetada com o encerramento de 30% dos CNO, mas a ANPEFA revela que ainda não foram explicados os procedimentos a adotar nesse sentido. Sérgio Rodrigues refere que se vive um clima de intranquilidade, uma vez que as equipas técnico-pedagógicas dos CNO não têm todas as informações necessárias e, por isso, o sistema e seus profissionais estão a trabalhar com muitas "reticências sobre o futuro".

Reforma curricular motiva mais de 950 textos

A proposta de revisão curricular merece críticas, comentários, sugestões. A eliminação de Formação Cívica foi contestada pelo provedor de Justiça. Os professores pedem bom senso e uma solução estável e aguardam com expectativa o parecer do Conselho Nacional de Educação.

O prazo de discussão pública da proposta de revisão curricular dos ensinos Básico e Secundário, apresentada pelo Ministério da Educação em dezembro, terminou esta terça-feira, último dia de janeiro, como estava anunciado e sem direito a prolongamento. A tutela recebeu 953 contributos e garante que o reforço de disciplinas fundamentais está a ser bem recebido. O desaparecimento de Formação Cívica, por outro lado, tem sido um dos pontos mais criticados. O assunto está no centro do debate em todos os agrupamentos do país. Em março, será apresentada a proposta final. 

A proposta da equipa do ministro Nuno Crato não passou despercebida ao provedor da Justiça que está preocupado com a nova estrutura curricular, sobretudo com a eliminação da Formação Cívica no 2.º e 3.º ciclos e no Secundário. Alfredo José de Sousa escreveu uma carta ao Ministério e anexou documentos das Nações Unidos e do Conselho da Europa para recordar alguns pontos que considera essenciais. Na sua opinião, o cumprimento destes instrumentos internacionais na promoção de uma cidadania ativa "não se compadece" com o desaparecimento dessa matéria nos currículos de milhares de alunos. O provedor pede esclarecimentos. "A educação para os direitos humanos é um processo contínuo e deve incluir todas as fases da educação", defende. 

Menos professores nas escolas. Esta tem sido uma das principais preocupações da Federação Nacional da Educação (FNE), que enviou ao ministério um extenso documento a propósito da reforma curricular. A ausência de uma sustentação técnica e independente à proposta do Governo é um dos aspetos que mais tem contestado. Para a FNE, a proposta é mais um "instrumento de contenção orçamental", faltando metas e conteúdos para os currículos. 

"Uma revisão curricular não se pode confinar a um mero exercício de somas e subtrações de tempos letivos, particularmente se estas operações tiverem por única fundamentação a preocupação de redução de custos em termos de recursos humanos", escreve a FNE. O reforço de Inglês, a antecipação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o 2.º ciclo, mais horas em Geografia, a aposta em Português e Matemática, são bem acolhidas. O mesmo não se passa com a divisão de Educação Visual e Tecnológica e a eliminação de Formação Cívica. 

A FNE sugere que sejam retomadas as aulas de 50 minutos, com a possibilidade da utilização de blocos de 100 minutos, e lamenta que o 1.º ciclo tenha ficado de fora deste debate. "A melhoria das aprendizagens ou do ensino não resulta apenas de um novo desenho curricular, exige condições materiais e recursos humanos", sustenta na carta enviada à tutela. 

João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, aguarda com expectativa o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão consultivo do Ministério da Educação. O CNE pediu mais tempo para elaborar a sua exposição. Dias da Silva espera que a tutela faça um novo documento depois do processo de consulta pública. "Esperamos que o Ministério acolha aquelas que são as propostas mais significativas e que a solução encontrada seja estável e o mais consensual possível", adianta ao EDUCARE.PT. O responsável considera que a proposta apresentada está incompleta porque o 1.º ciclo ficou de fora, porque a educação especial não foi mencionada, e espera que algumas da opções sejam "explicitadas com clareza". 

A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) quer que a proposta seja suspensa e, tal como a FNE, garante que o documento pretende apenas concretizar cortes financeiros no setor educativo. A FENPROF defende um debate nacional sobre assunto no prazo de um ano para "evitar decisões precipitadas que poderão resultar em erros". "Estamos perante um documento proclamatório, sem qualquer rigor nas suas asserções e destinado a tapar, com peneira de rede larga, a imposição orçamental em matéria de cortes na educação", refere no parecer negativo enviado ao Ministério. 

"É um documento feito com os pés e com a calculadora", diz Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF ao EDUCARE.PT. O responsável refere que é importante haver uma revisão porque os currículos estão desfasados da atual realidade, porque a escolaridade obrigatória de 12 anos começará a ser aplicada em setembro. Mas o que está a ser feito não lhe merece o batismo escolhido. "O que está a ser feito não é uma reforma curricular, é um simulacro de acontecimentos para dar uma ideia um bocadinho democrática do processo", afirma. Em seu entender, o que está a ser feito são "ajustamentos de currículos à imposição do Orçamento do Estado". "São meros exercícios contabilísticos para ver quantos professores pode pôr fora para atingir uma redução de 102 milhões de euros". 

A FENPROF contesta a desvalorização das áreas de EVT e de TIC, o fim da Formação Cívica e ainda o facto de esta revisão curricular ter deixado de fora o pré-escolar. E defende a manutenção dos desdobramentos nas Ciências da Natureza no 2.º ciclo e nas Ciências Naturais e Físico-Químicas no 3.º ciclo, a continuação do Estudo Acompanhado, a independência de TIC de outras disciplinas, e ainda uma organização feita a pensar nos 12 anos de escolaridade obrigatória. 

Currículo "Não mexas aí"

O Conselho das Escolas (CE) defende o aumento da carga horária de Português em 45 minutos no 12.º ano, lembrando que a disciplina é exigente e que os resultados dos exames nacionais têm vindo a descer. Esta é uma das propostas que fez chegar à mãos do Ministério. Outra é manter uma área curricular não disciplinar de Formação Cívica no 5.º e 12.º anos, no sentido de uma formação integral dos jovens. "Para a construção da sua cidadania e para a melhoria do clima de escola". A atualização do leque de opções no Secundário, a redução de um bloco nas disciplinas de opção do 12.º ano e a manutenção de Educação Visual e Tecnológica (EVT) no 2.º ciclo são outras das sugestões do CE. 

A Associação Nacional de Professores de Educação Visual e Tecnológica também enviou o seu parecer, no qual defende a manutenção da disciplina no 2.º ciclo e o regime de docência, ou seja, o par pedagógico. A estrutura salienta que é preciso investir num modelo de sucesso em nome da qualidade de ensino e das aprendizagens. E critica alguns aspetos do documento da tutela que, na sua perspetiva, tem "inúmeras incongruências e omissões". 

A Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI) sustenta que é um retrocesso limitar a disciplina de TIC ao 2.º ciclo. Se a proposta do Ministério da Educação for aplicada, a área curricular deixa de ser lecionada no 9.º ano e passa para o 5.º e 6.º anos, ou seja, para o 2.º ciclo. Os professores de Informática querem a matéria ensinada no 2.º e 3.º ciclos e sugerem que a disciplina seja alternada com Educação Tecnológica, com as turmas divididas por turnos. Um desdobramento que, na opinião da ANPRI, ajudará a consolidar as aprendizagens dos alunos. "Ao nível do 2.º ciclo, há conceitos e aplicações essenciais que ainda são de difícil compreensão para alunos desta faixa etária. E outros que não podem/devem ser abordados por impedimentos legais", avisa. 

Para o Movimento Escola Pública, a reforma proposta pelo Governo é "uma espécie de currículo 'Não mexas aí'" por eliminar as disciplinas de artes e reduzir a experimentação nas aulas. A estrutura considera que o prato da balança não está equilibrado. "Reduz o saber fazer criativamente, remete a escola para o tempo do livro-manual e do professor transmissor de conhecimentos", especifica. O Movimento também deu o seu contributo na fase de consulta pública e defende a redução do número de alunos por turma, a manutenção de Formação Cívica, a criação da disciplina de Educação para a Saúde. O Centro Avançado de Sexualidades e Afetos propõe, aliás, uma disciplina obrigatória de Educação Sexual para todos os graus de ensino. 

Na Madeira, os professores querem perceber de que forma os cortes no setor, previstos no plano de ajustamento financeiro traçado para a região, irão afetar o ensino. Os esclarecimentos já foram pedidos. "Temos cortes anunciados através do plano de resgaste financeiro para a educação e não temos nenhuma clarificação das entidades responsáveis, que nunca se dirigiram aos professores", disse a presidente do Sindicato dos Professores da Madeira, Marília Azevedo, em declarações à Lusa. O funcionamento das escolas no período noturno deverá sofrer alterações. "Não foi dito, aqui na região, o que é que se vai fazer no que diz respeito à reorganização curricular que está a ser discutida a nível nacional e prevê o despedimento de professores", acrescentou a dirigente sindical.

Novas Oportunidades: e depois de agosto?

Setenta por cento dos Centros Novas Oportunidades continuam a funcionar durante oito meses. O Governo já admitiu que a rede está sobredimensionada para a procura, mas não revela o que vai alterar. E agora? Ninguém sabe.

Depois de um compasso de espera, a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), que gere a iniciativa Novas Oportunidades, anunciou que 129 Centros Novas Oportunidades (CNO), dos 430 espalhados pelo país, iriam fechar as portas por falta de financiamento. Os restantes 301 continuam em funcionamento até agosto. Até lá, o Governo revelará quais as alterações que envolverão esse modelo de ensino. Uma coisa é certa: a ANQ já admitiu que a atual rede está sobredimensionada para as necessidades. Técnicos, formadores, coordenadores, não sabem o que vai acontecer depois de agosto, mas defendem que o programa não pode acabar porque o sistema está bem pensado para o público-alvo que pretende atingir. O EDUCARE.PT colocou algumas questões à ANQ, nomeadamente de que forma a conclusão da certificação em curso não será afetada nos centros que fecham as portas, mas não obteve qualquer resposta. 

O CNO da Secundária Alves Martins, em Viseu, não recebeu luz verde. "Estamos a aguardar a notificação sobre as razões do indeferimento da candidatura financeira", adianta Miguel Borges, do CNO da escola de Viseu. A equipa está pronta para contestar a não aprovação, acreditando que há margem de manobra para "repescar" alguns CNO, cujas candidaturas não tenham sido aprovadas. O CNO da Alves Martins tem mais de 400 formandos em processo de certificação e em Viseu, com a decisão governamental, ficará um centro a funcionar num concelho com cerca de 100 mil habitantes. 

Se o CNO da Alves Martins não conseguir convencer o Governo a dar continuidade ao seu trabalho, quatro profissionais com contratos assinados até 2103 ficam numa situação complicada. Os professores destacados ficam igualmente sem saber o que fazer. E 110 horas que deixam de ser dadas representam seis horários perdidos. Miguel Borges está preocupado com o facto de ficar apenas um CNO a funcionar em Viseu. "Se o CNO sair da escola, há candidatos que desistem deste processo", refere. 

O CNO da Secundária de Moimenta da Beira também não recebeu boas notícias. Alcides Sarmento, diretor do Agrupamento, adianta que os argumentos serão colocados em cima da mesa no momento oportuno. "Quando chegar o termo da decisão, iremos contestar". O diretor confessa que foi apanhado desprevenido com a decisão. "Temos um trabalho que nos deixava absolutamente tranquilos." "O nosso histórico, o nosso currículo, com toda a certeza, coloca-nos entre os melhores CNO da região do interior", sustenta. Alcides Sarmento lembra ainda que o CNO de Moimenta da Beira pertence à primeira geração dos CNO da rede pública. 

Anabela Luís coordena o CNO que funciona na Escola Secundária D. Inês de Castro, em Alcobaça, e que desde outubro de 2008 matriculou perto de 900 formandos. A candidatura foi aprovada, a notificação chegou por e-mail. A responsável ficou satisfeita com esse "sim" e aguarda por mais informações sobre essa aprovação. "Fomos notificados por e-mail que a candidatura tinha sido aprovada, mas não sabemos em que condições. Não sabemos se tudo foi aprovado, nomeadamente os montantes apresentados", conta ao EDUCARE.PT. Anabela Luís, que considera que ainda é cedo para falar do que vai acontecer após agosto. Resta aguardar pelas informações governamentais. 

A responsável pelo CNO da Secundária D. Inês de Castro garante que o modelo de ensino do Programa Novas Oportunidades é "extremamente válido, correto e rigoroso" e que, inclusive, está a ser estudado a nível europeu - e as opiniões que chegam de fora têm sido favoráveis. "O processo de RVCC [Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências] está bem estruturado, mas há situações que obviamente podem ser melhoradas". Anabela Luís mudava apenas uma coisa, ou seja, a designação para Centro de Aprendizagem ao Longo da Vida. "O que fazemos deve manter-se, mas deve proporcionar mais do que agora proporciona, mais formação e continuar a reconhecer competências quando elas existem", defende. 

O CNO da Secundária de Castro Daire foi aprovado. Anabela Bezerra, coordenadora da estrutura, recebeu a notícia com agrado, mas pouco depois sentiu uma espécie de "murro no estômago" quando soube que ali à volta vários CNO tinham as candidaturas chumbadas. "Foi uma satisfação um bocadinho estranha", confessa. De qualquer forma, é tempo de continuar a trabalhar, embora, por enquanto, não haja grandes indicações. "Ainda não sabemos pormenores, sabemos que o nosso projeto foi aprovado", refere. 

A responsável pelo CNO de Castro Daire espera que o anúncio das alterações ao programa seja feito com alguma antecedência. "Espero que até junho nos digam alguma coisa para não levarmos um balde de água fria, como aconteceu aos CNO que agora vão fechar". Seja como for, garante que voltará a esmerar-se na apresentação da próxima candidatura. Na sua opinião, o Novas Oportunidades deve ser esmiuçado. "Está a precisar que olhem para ele com outros olhos". Como assim? "As coisas devem ser avaliadas e readaptadas às situações. A realidade de 2012 não é a realidade de 2005", explica. 

Ana Silva, profissional de RVCC, trabalha no CNO da Associação Sol do Ave, em Guimarães. A candidatura foi aprovada pelo Governo e a notícia também chegou por e-mail. Dar continuidade a um processo iniciado em 2008 é muito importante, tanto a nível pessoal como profissional. E depois de agosto? "Não sabemos em que moldes irá funcionar e se haverá mais CNO a fechar." Mas o aviso da ANQ está bem presente. "Dizem que a rede está sobredimensionada, o que dá a entender que poderá haver mais encerramentos." 

"Expectativas defraudadas" 

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Fonseca, já reagiu e mostrou a sua preocupação com a instabilidade que o fim do financiamento dos CNO está a criar. O responsável compreende que a situação do país é complicada, e de aperto financeiro, mas lembra que há várias questões sem respostas e "muitas expectativas frustradas". Ou seja, quem vai assumir os pagamentos dos técnicos de RVCC com contratos assinados até agosto de 2013 e que foram autorizados pelo anterior Ministério da Educação. "Preocupa-nos também o defraudar de expectativas das pessoas - dos técnicos, dos formadores, que são professores do quadro ou contratados, e dos formandos, milhares de pessoas inscritas, que ficam sem resposta", disse ao jornal Público. ´

O BE pediu ao Governo dados concretos sobre os fundamentos para o encerramento de cada um dos 129 CNO que estão na lista, o que irá acontecer às restantes estruturas que só têm financiamento assegurado até agosto, quanto se poupou e vai poupar com o fecho dos CNO, e que estudos estão a ser feitos para a avaliação do Programa Novas Oportunidades. O partido garante que as escolas desconhecem que avaliação está a ser feita ao modelo de ensino. "Ninguém conhece estes estudos, nem os grupos parlamentares nem as próprias escolas que, pelos testemunhos que nos têm feito chegar, desconhecem por absoluto qualquer avaliação que o Ministério esteja a promover", denuncia. 

O partido sublinha, por outro lado, que as escolas que proporcionam essa oferta têm no seu projeto educativo um caminho alternativo ao ensino regular de conclusão da escolaridade obrigatória, bem como sistemas de RVCC para jovens e adultos. "Para estes jovens e adultos, estas formações constituem a derradeira oportunidade de verem a sua experiência profissional reconhecida ou de adquirirem uma formação que lhes abra as portas ao exercício de uma profissão". E teme que a continuidade do programa esteja em risco. "Está montada uma rede por todo o país, que tem servido milhares de pessoas desde a sua implementação. Envolve centenas de profissionais que não podem ser, de um momento para o outro, descartados e tem permitido uma última oportunidade a milhares de pessoas".

 

Não se pode aprender de estômago vazio.

Petição luta pela criação de um programa de pequenos-almoços para todos os alunos do pré-escolar ao 3.º ciclo. A primeira refeição da manhã é importante para uma aprendizagem saudável.

"O agravamento das condições de vida fez aumentar o número de crianças e jovens que passam as manhãs na escola em jejum!" E assim começa a petição que circula na Internet que reclama um programa de pequenos-almoços nas escolas. A primeira refeição da manhã não é um dado adquirido em muitas casas portuguesas. Por isso, um grupo de pais e educadores quer levar o assunto à Assembleia da República para que os alunos do pré-escolar à escolaridade obrigatória tenham o pequeno-almoço garantido nas escolas. 

Se há um programa que garante o leite aos alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo, porque não criar um sistema semelhante que assegure o pequeno-almoço? "As respostas encontradas por professores, funcionários e associações de pais no seio da comunidade educativa já não são suficientes", escrevem os promotores da petição. As notícias não são animadoras e os relatos e testemunhos nas redes sociais, que dão conta de crianças e jovens que chegam à escola de estômagos vazios, têm incomodado a comunidade educativa. 

A iniciativa surge precisamente para chamar a atenção dos políticos nacionais para a importância de a escola alargar as suas competências e ter a mesa posta antes das aulas começarem. A ideia é proporcionar um pequeno-almoço aos estudantes que efetivamente necessitem, independentemente de beneficiarem ou não da Ação Social Escolar. O primeiro-ministro e o ministro da Educação, bem como a Associação Nacional dos Municípios Portugueses, a Associação Nacional de Freguesias, a Federação Nacional dos Professores, a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), entre outros, já têm conhecimento da iniciativa. Entre os primeiros signatários estão Albino Almeida, presidente da CONFAP, Beatriz Gomes, do Movimento Escola Pública, o médico e pediatra Mário Coelho, e Paulo Sucena, ex-secretário geral da FENPROF. 

"Pessoalmente, acredito mais na validade de a escola promover, junto dos pais e das crianças, a importância de se tomar um pequeno-almoço equilibrado em casa. Nos casos em que por motivos económicos ou de logística familiar - deslocações, horários, etc. - isso não seja possível, então, sim, fará sentido proporcionar a estas crianças um pequeno-almoço equilibrado." Esta é a opinião do nutricionista Rodrigo Abreu, que defende que as ementas escolares devem ser avaliadas nutricionalmente. O que nem sempre acontece. 

"Infelizmente, aquilo que se verifica na prática é que, muitas vezes, as refeições consumidas pelas crianças acabam por não ser equilibradas porque os requisitos de preço e higiene e segurança alimentar limitam a variedade de legumes e o seu ‘apelo'; porque a rotação de pratos é menor, reduzindo a variedade na alimentação; porque os métodos culinários usados acrescentam muita gordura, etc.". 

As ementas devem, portanto, ser revistas e supervisionadas por quem percebe. Nas escolas, a situação é mais complexa, uma vez que há requisitos relacionados com preço, higiene, transporte, manuseamento e empratamento que têm de ser cumpridos. E isso pode influenciar as características nutricionais, o sabor e o aspeto da refeição. "Por exemplo, se a ementa incluir brócolos que foram preparados às 8h00 ou às 9h00 para serem transportados para a escola, quando forem servidos às crianças estarão menos coloridos, terão perdido muitas das suas vitaminas e o seu sabor e consistência serão pouco apelativos. Temos verduras na ementa, mas dificilmente as crianças as comerão", refere o nutricionista. 

É preciso planear porque uma refeição na escola deve ser o exemplo de uma alimentação saudável e equilibrada. Rodrigo Abreu explica que é preciso pensar nos grupos de alimentos, nas suas quantidades e combinação e ainda no horário das cantinas. "Por exemplo, hoje com as aulas de 90 minutos é frequente termos crianças que passam mais de três ou quatro horas sem comer. Isto não é saudável e nem sequer é positivo para o rendimento destas crianças", afirma. "Por outro lado, os pais devem ter a noção de que não basta ‘apontar o dedo' à comida na escola - em casa também devem ter cuidados", acrescenta. E os espaços de refeição devem promover um ambiente tranquilo para que a alimentação seja sentida como "um momento de pausa, descanso e convívio". 

Preços diminuem. E a qualidade? 

Há milhares de crianças e jovens que comem nas cantinas escolares e os preços das refeições têm vindo a diminuir. A CONFAP alerta para essa situação e pede aos pais para estarem atentos à qualidade da alimentação. "Nós hoje temos preços de refeição mais baratos do que existiam há quatro anos", adiantou, à Lusa, Albino Almeida, presidente da CONFAP, que tem recebido algumas queixas sobre a má qualidade ou pouca comida que as cantinas colocam nos pratos. O responsável defende que as associações de pais devem ter acesso às cantinas e aos contratos de concessão assinados com as empresas que fornecem as refeições. 

A vontade das empresas em querer ganhar os concursos poderá ser uma explicação. "Só isso é motivo suficiente para estarmos atentos à qualidade dos alimentos", avisa Albino Almeida. A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas atribui a descida dos preços aos cortes no pessoal e não a menos alimentação. O Conselho das Escolas lembra que a qualidade das refeições é uma responsabilidade das escolas e das direções regionais. "Se uma escola vir que a comida que está a ser dada aos miúdos não tem qualidade ou que a quantidade não cumpre as normas do caderno de encargos, é obrigada a denunciar a situação à direção regional", referiu, à Lusa, Manuel Esperança. Por seu turno, a Associação Nacional de Municípios Portugueses assegura que a qualidade das refeições escolares tem vindo a melhorar e que poderá haver casos pontuais que as escolas resolvem.

À Lusa, o Ministério da Educação explicou que "as direções regionais de Educação mantêm um contacto permanente com os agrupamentos/escolas, intervindo junto das empresas fornecedoras sempre que lhe são relatados problemas de qualquer índole, de forma a ultrapassar as eventuais deficiências detetadas". 

Há formas de chamar a atenção dos alunos para os pratos das cantinas. O Programa 100% é um exemplo. Dedicado aos alunos do 2.º e 3.º ciclos, está implementado em 96 escolas portuguesas, deu formação a 416 cozinheiras e auxiliares para que transformassem uma simples refeição num prato bem atrativo. A ideia é cativar os alunos para os refeitórios, em detrimento dos espaços que se encontram na envolvente dos estabelecimentos de ensino. 

Há um ano a cozinhar, o programa conseguiu aumentar em cerca de 10% o número de estudantes nas cantinas escolares. Os truques culinários são explicados pela Unilever Foods Solution, promotora da iniciativa, que para isso contou com a colaboração de sete chefes da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal. Cerca de 30 mil alunos já usufruíram da iniciativa, que conta ainda com as brigadas da cozinha que têm nas mãos a elaboração das ementas escolares. E o programa poderá bater à porta das universidades. 

A Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) tem no terreno o projeto Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável. Professores e educadores recebem ferramentas pedagógicas e um guia com propostas de atividades e fichas de trabalho para uma alimentação o mais saudável possível. E, dessa forma, a APCOI reúne dados atualizados sobre comportamentos alimentares e exercício físico de crianças até aos 10 anos de idade.